segunda-feira, 12 de abril de 2010

Será a bendita paixão?




Mudanças na vida são uma constante para todos, mas há mudanças mais "mudantes" que outras. Às vezes passamos por fases em que uma série de mudanças se somam e, de uma hora para outra, nos damos conta de que nosso mundinho, tal qual o conhecíamos, já não existe. É exatamente por uma fase dessas que estou passando.
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Um momento pelo qual eu muito ansiei foi o da minha formatura na faculdade. Esse momento já bate à porta, e o que faço? Desespero-me. Outra coisa que sempre desejei foi o sucesso profisisonal e pessoal dos meus entes queridos. Numa dessas, minha irmã foi aprovada num concurso público e se mudou para a Bahia. De quebra, levou minha mãe para uma temporada.
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Sucedidos assim só me trazem felicidade (quem me dera eu tivesse uns dez deles por ano...), não estou reclamando, mas me obrigam a fazer um esforço tremendo para me recompor, me adequar à nova realidade. Às vezes penso que tais esforços chegam a mexer com meu sistema imunológico. Com meus sentimentos. Fico vulnerável. Carente.
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Quando se está com a imunidade baixa, doenças oportunistas vêm e nos tomam. Mas e quando estamos com baixa imunidade emocional? Sentimentos oportunistas vêm e nos tomam. O mais perigoso deles: a paixão.
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A paixão, aquela do friozinho na barriga e que nos deixa rindo à toa, é o sentimento que nos pega nos momentos em que ela é mais dispensável. Nos pega quando o objeto de nossa paixão não nos corresponderá. Nos pega quando estamos com a casa em ordem, com um rumo na vida, recuperados de outra paixão. Ela vem e bagunça tudo.
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Pois é, parece que ela chegou para mim. Estou meio que sem conseguir definir meus sentimentos por certa rapariga. É cedo para se afirmar que é paixão, mas duas de suas principais evidências me tomaram recentemente: o friozinho na barriga e a graça sem porquê.
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Quando o assunto é paixão, alguns a defendem veementemente. Outros a tem como coisa do diabo. Eu fico com o meio termo. Reconheço os benefícios advindos dela: ficamos de bem com a vida. Entretanto, não nego os males que acarreta: ficamos ciumentos, irracionais, impulsivos e, o pior de todos, com vocação para dor-de-cotovelo, para o sofrimento.
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A dor-de-cotovelo e eu somos velhos conhecidos. Volta e meia, ei-la me atormentando. Eu dou valor à dor-de-cotovelo e à paixão. Guardo seu devido luto. Ouço músicas bregas. Se preciso, choro. Faz parte do meu show...Um belo dia, acordo e vejo que a paixão passou. É hora de por casa em ordem e dar um rumo na vida. Sigo caminhando, sem saber em qual esquina serei, novamente, acometido pelo mal do coração.
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Por hora, não está definido o sentimento que habita meu peito, todavia, se for paixão, melhor é eu ir me preparando para seus bônus e ônus. Não há como fugir. E para endossar essa certeza, evoco sublimes versos do cancioneiro sertanejo, eternizados por Leandro e Leonardo:
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A gente não teve culpa se a solidão
achou pra nós a saída.
A vida passa, e nesse vai-e-vem,
amores são coisas da vida.

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