terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Aham, Cláudia...

Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece: essa parece ser a reflexão mais adequada que eu faça do meus relacionamentos interpessoais. Sou um cara de humanas, sempre gostei de gente. Gosto de ver os comportamentos, de saber em que andam pensando as pessoas, de fazer novos amigos. Fazer amigos é muito bom! Melhor que fazer amigos, só fazer amigas.

Embora eu não tenha a mente fechada e nem creia que homem só se aproxima de mulher com segundas intenções, essa é sempre uma possibilidade. Uma amiga interessante e bacana é sempre uma parceira em potencial. Se for bonita então... Pode até acabar em namoro, afinal, uma bonita dá para andar por aí de mãozinhas dadas rua afora, dá para apresentá-la aos amigos e matá-los de inveja. Dá também para apresentar à família sem nenhum constrangimento . Toda mãe fica feliz diante da perspectiva de ter netos bonitos (como estou bandido! kkk).

Interesses reprodutivos à parte, todos buscamos uma tampa para nossa panela, um chinelo velho para nosso pé cansado. É sempre bom quando encontramos alguém que preencha todos os quesitos e é sempre frustrante quando um olhar mais atento nos mostra o engano. Decepção tremenda é quando, atraídos pela estética, nos aproximamos de alguém e descobrimos que não passava de um rostinho bonito.

Recentemente, conheci uma garota que parecia mais uma escultura clássica que uma mulher de verdade. Beleza helênica. Rosto harmonioso. Corpo perfeito. Tinha a graça de um ninfa... Infelizmente, ela só era interessante como estátua mesmo, paradinha, calada, porque quando abria a boca toda seu encanto se perdia. Decepção total.

O mais difícil de tudo, quando estamos na companhia de uma pessoa desagradável, é conseguir uma desculpa razoável que nos permita dar o fora sem magoar e sem dar a entender que poderá haver um segundo encontro. Sou péssimo nisso... acabo dando corda, alimentando o papo e pagando caro depois. Ao primeiro encontro segue uma quantidade imensurável de telefonemas, de convites para sair, de mensagens tolas de celular, de convites para sermos amigos nas redes sociais... E o bobão que vos escreve acaba por aceitar a tudo, com receio de ser grosseiro.

Com a última, entretanto, não deu para ser educado. Era doida de pedra. Conversa vai, conversa vem, decidimos ir a um barzinho. Eu pedi um licor de pequi (mais uma iguaria de Moccity, a capital do mundial do Caryocar brasiliense Cambess), ela pediu água, ao que já pressenti não ser ela uma boa companhia. Mulher bacana nunca pede água. Água é para mulher que tem medo de engordar. Água só é aceitável se ela realmente estiver com sede, nesse caso, será bebida de golada; para ralear o álcool no organismo, para tomar o anticoncepcional ou porque a pimenta era muito brava. Qualquer pessoa, por menos esclarecida que seja, sabe as três características básicas da água: incolor, inodora e insipida. Assim sendo, água não foi feita para ser sorvida. É inconcebível isso para mim.

O garçon veio com meu licor e com o solvente universal que ela pedira. Ficamos proseando. Na verdade, a prosa foi mais um monólogo dela. Que ego tem aquela menina! Falou de seus planos de dominar o mundo. De como ela era especial, interessante e cobiçada. Tolerei tudo isso. A coisa foi ficando intolerável quando ela começou a falar de como EU era especial, interessante e cobiçado. Em poucos minutos que estávamos juntos, ela viu em mim o parceiro ideal para dominar o mundo ao seu lado. Até em casamento falou. Dei um sorrisinho, tirei o celular do bolso e disse: "tenho que ir, estão preocupados comigo lá em casa... Garçon, a conta!"


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