Um certo apresentador sensacionalista de programa
policial da Rede Record, volta e meia, nos brinda com verdadeiras pérolas do
mineirês, esse dialeto tão “bunitim” da língua portuguesa. Das várias
expressões e provérbios a que recorre, adoro quando diz: “vou viver minha vida
inteira e mais seis meses e ainda não terei visto de tudo neste mundo.” Que
verdade mais verdadeira! Quando pensamos que já vimos de tudo, que nada mais
nos surpreende, nos deparamos chocados dizendo: nossinhora!! esse cara não fez/disse isso... né pussível uma coisa
dessa!!
Infelizmente, o apresentador sensacionalista tem razão,
vive-se uma vida inteira, e das mais longevas, sem que se veja de tudo, ou,
antes, sem que deixemos de nos surpreender com as velhas surpresas. A
capacidade (des) humana para o ridículo, para o medíocre, o mesquinho, o vil, a
baixeza, a ignomínia, parece não ter fim.
Segunda-feira de manhã, feita minha toilette, tomado o desjejum, início o ritual
sagrado do presente século: acessar as redes sociais e ver a quantas anda o
mundo. Facebook aberto, uma curtida aqui, um comentário ali, um “cruz credo”
numa foto acolá... e assim o homem “culto” que sou vai se inteirando dos “fatos
relevantes”, da pauta do dia. Eis que, a certa altura, vejo a opinião bostástica
de um cara comentando sobre a ''Festa do Pequi'', evento tradicional aqui de Montes
Claros que a cada ano se apresenta mais desorganizado e menosprezado pela
prefeitura da Terra do Pequi. Reproduzo-o ipsis
litteris:
Um ano e três meses vivendo em Montes Claros e os hábitos e comportamentos
da província ainda me chocam. Choca-me supor que ao indivíduo não envergonha
publicar comentário tão deplorável e hediondo. Choca-me saber que há aqueles
que coadunam com tamanho preconceito. Obviamente, gente assim, que não é lá
muito gente, existe em todos os lugares, não é um privilégio de Montes Claros,
mas noutros lugares a coletividade já não tolera pessoas assim. Ah! como
seria bom se esse indivíduo passasse a frequentar o Prédio 2 da Unimontes,
prédio em que funciona o Centro de Ciências Humanas (CCH). Talvez assim se
tornasse um pouco mais humano.
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