sexta-feira, 27 de julho de 2012

Por que tão jovens?

O tempo talvez seja o mais complicado dos mestres e o menos ortodoxo dos médicos. Ele nos ensina através dos métodos mais radicais e nos aplica tratamentos de choque. Ao atingirmos certa idade, o tempo e a vida nos expõem a situações às quais, normalmente, as crianças e os adolescentes não costumam experimentar, como a morte, que passa a ser visita recorrente. Neste meu 1/4 de século já tive de me confrontar com a desagradabílissima notícia (que sempre vem de forma inesperada) da morte de um conhecido, um parente, um amigo. Notícias assim são indigestas, amargas... Recusamo-nos a aceitá-las. O tempo e a vida, porém, são implacáveis, não aliviam a nossa barra, por mais bonzinhos que sejamos. Somos forçados a seguir em frente, mesmo com o nó na garganta, o aperto no peito e os passos vacilantes.

Há quase dois anos, estava eu em Lagoa da Prata, era carnaval, chovia muito, eu fardado, brincando de polícia, armado nas ruas pela primeira vez.... Há pouco menos de uma semana, a notícia de que um dos meus compenheiros desse estágio policial falecera.

Há uns cinco anos, eu era universitário, cheio de sonhos e planos, membro de uma igreja singular e de um grupo de jovens como o qual não havia outro. Nossos debates eram calorosos, de alto nível; jovens e adolescentes com um papo cabeça, buscando ser verdadeiros cristãos neste mundo de valores cada vez mais questionáveis. Em nosso meio, uma jovem teóloga que, como todos nós, trazia seus conflitos, seus pontos de vista, suas impressões sobre o mundo. Dividimos, naquele trecho do caminho, nossas vidas, angústias, anseios, sonhos e planos. Intercedemos uns pelos outros, louvamos a Deus, estudamos a Palavra. Há pouco menos de uma hora, a notícia fatídica de que aprouve a Deus recolher nossa jovem amiga.

Marilene e Almeida não foram os únicos, mas os mais recentes. Certamente a vida continuará me confrontando com notícias assim, até o dia em que o recolhido por Deus for eu. Longe de mim questionar os desígnios do Pai, mas é difícil afastar as perguntas que insistem em nos rondar. "Por que eles? Por tão jovens?"