quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Papinho de início de ano.

Amigo leitor, juro que tento ao máximo fugir ao lugar-comum, ao óbvio, à falta de autenticidade; às vezes, porém, não há como. Tenho que dar uma de maria-vai-com-as-outras e repetir o que todos dizem. Hoje falarei mal do Big Brother Brasil. Corro o risco de ser vulgar, mas, mais vulgar que falar do dito BBB, só assistir a ele. Eu não assisto. Ainda.

Hoje soa cult dizer que não gosta do BBB e que não o vê de forma alguma. Todo mundo fala mal do programa, dos participantes, do Pedro Bial... mas todo mundo sabe dizer sem pestanejar o nome dos não sei quantos participantes, quem foram os últimos campeões, de quantos reais é o prêmio pago ao vencedor e qual foi a valorização desse prêmio desde a primeira edição do programa, descontada a inflação, obviamente. Falar em inflação e usar palavras como 'cambio', 'monetário', 'fisco', 'política econômica', 'banco central', 'Guido Mantega' e 'crise mundial', também sempre soa cult.

Sendo o BBB o programa mais enxovalhado da tevê brasileira, não consigo entender como a Globo, que não joga para perder, está exibindo a 12ª edição do reality. Se ninguém vê o programa, se ninguém gosta dele, como pode ele ainda estar no ar? A resposta é óbvia e simples: todo mundo é hipócrita, vê o BBB e não admite, porque não quer parecer uma pessoa vazia, sem conteúdo.

Que postura bonita seria a de alguém que batesse forte no peito e gritasse para quem quiser ouvir: eu vejo o BBB!!! Mas niguém faz isso. BBB é coisa de gentinha. E continuará sendo até o dia em que o Caetano Veloso aparecer num programa besta qualquer que massageie seu ego e dizer que adora o BBB. Aí então, para a legião de pseudo intelectual que adora o Caetano Veloso, o programa passará a ser coisa de gente inteligente, séria, pensante.

Existe coisa mais pseudo intelectual do que falar que é fã de Caetano, Gil, Bethânia e Gal? Falar em Tropicália, Ditadura Militar, biquini asa delta, ver o programa da Leda Nagle, comer alcachofra, não lamber a tampa do iogurte, não palitar os dentes, não beber coca-cola, falar mal da coca-cola e ler livros do Paulo Coelho são mais algumas coisas que pseudos intelectuais adoram. A propósito, ter um blog, achar que escreve coisas interessantíssimas e dizer 'pseudo intelectual' é coisa que pseudo intelectual também adora.

Poderia eu versar por linhas e mais linhas sobre o rídiculo que é falar mal do BBB e a decadência moral, cultural, religiosa, familiar, social e mental que é assistir a ele; mas tenho que ler qualquer coisa aqui na internet sobre a chuva, o Carnaval carioca e o 'Grande Irmão' para eu poder ter assunto com o zé povinho. Enchentes, estradas esburacadas, vinhetas das escolas de samba do Rio, mulata globeleza desvairada, Big Brother Brasil...  enfim, início de ano é sempre ruim mesmo.


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Aham, Cláudia...

Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece: essa parece ser a reflexão mais adequada que eu faça do meus relacionamentos interpessoais. Sou um cara de humanas, sempre gostei de gente. Gosto de ver os comportamentos, de saber em que andam pensando as pessoas, de fazer novos amigos. Fazer amigos é muito bom! Melhor que fazer amigos, só fazer amigas.

Embora eu não tenha a mente fechada e nem creia que homem só se aproxima de mulher com segundas intenções, essa é sempre uma possibilidade. Uma amiga interessante e bacana é sempre uma parceira em potencial. Se for bonita então... Pode até acabar em namoro, afinal, uma bonita dá para andar por aí de mãozinhas dadas rua afora, dá para apresentá-la aos amigos e matá-los de inveja. Dá também para apresentar à família sem nenhum constrangimento . Toda mãe fica feliz diante da perspectiva de ter netos bonitos (como estou bandido! kkk).

Interesses reprodutivos à parte, todos buscamos uma tampa para nossa panela, um chinelo velho para nosso pé cansado. É sempre bom quando encontramos alguém que preencha todos os quesitos e é sempre frustrante quando um olhar mais atento nos mostra o engano. Decepção tremenda é quando, atraídos pela estética, nos aproximamos de alguém e descobrimos que não passava de um rostinho bonito.

Recentemente, conheci uma garota que parecia mais uma escultura clássica que uma mulher de verdade. Beleza helênica. Rosto harmonioso. Corpo perfeito. Tinha a graça de um ninfa... Infelizmente, ela só era interessante como estátua mesmo, paradinha, calada, porque quando abria a boca toda seu encanto se perdia. Decepção total.

O mais difícil de tudo, quando estamos na companhia de uma pessoa desagradável, é conseguir uma desculpa razoável que nos permita dar o fora sem magoar e sem dar a entender que poderá haver um segundo encontro. Sou péssimo nisso... acabo dando corda, alimentando o papo e pagando caro depois. Ao primeiro encontro segue uma quantidade imensurável de telefonemas, de convites para sair, de mensagens tolas de celular, de convites para sermos amigos nas redes sociais... E o bobão que vos escreve acaba por aceitar a tudo, com receio de ser grosseiro.

Com a última, entretanto, não deu para ser educado. Era doida de pedra. Conversa vai, conversa vem, decidimos ir a um barzinho. Eu pedi um licor de pequi (mais uma iguaria de Moccity, a capital do mundial do Caryocar brasiliense Cambess), ela pediu água, ao que já pressenti não ser ela uma boa companhia. Mulher bacana nunca pede água. Água é para mulher que tem medo de engordar. Água só é aceitável se ela realmente estiver com sede, nesse caso, será bebida de golada; para ralear o álcool no organismo, para tomar o anticoncepcional ou porque a pimenta era muito brava. Qualquer pessoa, por menos esclarecida que seja, sabe as três características básicas da água: incolor, inodora e insipida. Assim sendo, água não foi feita para ser sorvida. É inconcebível isso para mim.

O garçon veio com meu licor e com o solvente universal que ela pedira. Ficamos proseando. Na verdade, a prosa foi mais um monólogo dela. Que ego tem aquela menina! Falou de seus planos de dominar o mundo. De como ela era especial, interessante e cobiçada. Tolerei tudo isso. A coisa foi ficando intolerável quando ela começou a falar de como EU era especial, interessante e cobiçado. Em poucos minutos que estávamos juntos, ela viu em mim o parceiro ideal para dominar o mundo ao seu lado. Até em casamento falou. Dei um sorrisinho, tirei o celular do bolso e disse: "tenho que ir, estão preocupados comigo lá em casa... Garçon, a conta!"


domingo, 8 de janeiro de 2012

Os rabugentos também sonham.

Acho que estou virando um velho rabugento daqueles. Embora ainda na casa dos vinte, tenho adotado (não intencionalmente, mas por força das circunstâncias) posturas cada vez mais racionais, pragmáticas e sem nenhum toque de otimismo.

Frases como "vai dar tudo certo" ou "basta querer para se conseguir" não têm feito parte do meu discurso. Estou mais para dizer "se der, deu; se não der, não deu". Uma coisa é boa nisso tudo: não ponho a culpa em ninguém por nada que tenha ou não acotecido. Nem a mim mesmo tenho responsabilizado por nada sequer. Tenho preferido pensar que as coisas simplismente são e que não cabe a ninguém buscar responsáveis.

Tempos atrás, eu sofria de um otimismo fora do comum. Achava que o futuro era o tempo verbal da perfeição, do amor e da felicidade. Depois descobri que o futuro é o tempo verbal dos imbecis, que justificam a mediocridade do hoje baseados na ideia de que o amanhã será melhor. Descobri o mal que me levava a ser tão otimista: juventude demais.

Todos passamos por um momento na vida em que, embora extremamente imaturos, nos cremos a sensatez em pessoa. Isso costuma ocorrer por volta dos vinte anos. Nessa idade, as pessoas pensam-se adultas. Senhoras de si. Donas do próprio destino. O ingresso na universidade é talvez um dos grandes vilões que levam muitos ao engano. Uma visita a qualquer curso de graduação, sobretudo nos períodos iniciais, bastará para se constatar o imenso contingente de iludidos que acreditam em seus cursos, em suas carreiras, no futuro.

Chega um dia, porém, em que o sonho acaba e é hora de encarar o mundo, o famigerado mercado. O colega de outrora torna-se um concorrente. Ao que deseja prosseguir estudando, a peneira das seleções possui malha mais fina. Poucos vão adiante. É hora de se esfriar a cabeça e agir como bons mineiros: ir comendo quieto, pelas beiradas. Nesse momento, começamos a ser algo que se pode chamar de maduros. Frases que ouvíamos de nossos pais como "quando você for adulto vai entender" começam a fazer sentido.

O que antes era sonho, agora decantou. Dizem que os sonhos não morrem (e eu acredito nisso), mas hibernam por muito tempo. Hibernam porque há que se pensar na sobrevivência, no dia a dia. A nobreza dos ideais fica para depois. Passamos a nos preocupar com coisas realmente ordinárias tais como ganhar dinheiro e saldar dívidas. O sonho vai ficando lá quietinho, até que nos esqueçamos dele ou até que o realizemos, coisa que poucos fazem.

Hoje fui confrontado a falar de meus sonhos e isso me deixou deverás desconfortável. Senti-me contra a parede. Não falei! Creram que não sonho mais. Julgaram-me um infeliz. Julguei-os uns idiotas. Não falar em sonhos não é o mesmo que não sonhar. Quem não fala também sonha, porém optou por não expor seu sonho à rudeza da realidade. Sonho guardado é sonho que dura mais. Sonho propalado é sonho minado. Ah, como são tolas as gentes sub-20...

Punhetar!

Parece até piada de Joãozinho. Hoje, na aula, pergunto a meus alunos se saberiam me falar um verbo da primeira conjugação (terminado em AR). Como niguém disse nada, resolvi ajudar: "existe um verbo de primeira conjugação que vocês adoram, fazem o tempo todo" (eu me referia ao verbo falar, pois não calam a boca). Um aluno levanta a mão e diz triunfante: PUNHETAR!!!