quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Às vezes pleno, às vezes incompleto




Estou vivendo uma fase da minha vida das melhores que já tive. Os que eu amo estão bem e com saúde. Dinheiro nunca sobra, mas o básico está garantido. Meu coração está preenchido e minha alma serena e em paz. Mas não estou satisfeito, será porquê? Algo me aflige, o que será? Quem sabe a morte, angústia de quem vive? Quem sabe a solidão, fim de quem ama? O certo é que ao homem sempre será negada a plenitude na vida. É fato. É ponto posto.




Difinido que não há plenitude na vida, vou gozando os pequenos prazeres. As horas sem tormento. Tenho visto muitas coisas belas e aprendido muito com isso. Nestas férias ( que infelizmente se encerram em três de fevereiro...) já vi dois arcos-íris, inúmeros pores-do-sol e um céu estrelado que me deixou tonto, na noite escura de Itabirinha. A plenitude, que agora a pouco eu disse ser inalcanssável, talvez ocorra nesses momentos de comtemplação.




É nesses momentos que me dou conta do grandioso, estupendo, inenarrável, maravilhoso e inefável universo do qual sou parte. Nessas horas vejo que as estrelas, que de distâncias imensuráveis se mostram à Terra; que os arcos-íris, aquarela de Deus; e que o Sol, luz melancólica, quase audível; são obras da criação tal qual também o sou. Igualo-me a eles nesses momentos. Plenifico-me.




Talvez meu caro leitor possa dizer a sí mesmo que sou um louco, ou que experimento momentos de megalomania fora do tolerável, ao me julgar tão importante e especial quanto o sol, as estrelas e os arcos-íris. Talvez, como argumento, diga-me que, ao contrário dos astros e dos fenômenos, sou limitado e finito. Que expirarei como todo e qualquer organismo biológico. Entretanto, questiono: o por-do-sol também não expira, para ocorrer no dia seguinte? Os arco-íris não expiram, para ocorrerem na próxima chuva? Também não morreria eu para ocorrer num próximo homem?




Creio que sim. Outros já o disseram. Saint-Exupéry já o disse: aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós. E possivelmente é esta a maneira de occorrermos nos outros, de nos perpetuarmos. De sermos um. De sermos o todo. Talvez quando eu já tiver perecido eu continue em você, que me lê agora.Talvez eu volte a ocorrer num momento seu de comtemplação. Quando você for o todo, será eu. Quando eu sou o todo sou você. Aí, e só aí, somos plenos. No outro é que somos Deus.