sábado, 29 de agosto de 2009

Cerveja? Tá liberada

Sempre procurei fazer a linha politicamente correto, não para ser o bonzinho e ganhar a simpatia das pessoas, mas por entender que determinadas posturas, ditas "certinhas", se convertem em benefícios a mim e aos que me rodeiam. Sendo assim, nunca me dei às farras, vícios ou esportes radicais. A mim no me gusta la vida loca, meu instinto de preservação da vida é forte e atuante. Já cheguei a mudar de escola, certa vez, para não correr o risco de apanhar de uns valentões invejosos, mas essa é outra história e o "medo de apanhar" foi apenas um dos pretextos para que minha mãe me tranferisse para o colégio dos meus amigos.


A época de escola passou e cheguei à universidade com meus príncipios inabalados. Fiz novos amigos, participei de vários eventos, fui a festas e casas de show sem me deixar "contaminar". É fato que pessoas que tiveram uma formação moral e religiosa como a que tive podem vir a ser poços de preconceito e arrogância, pessoas para as quais o mundo é indigno delas. Não é o meu caso. Como disse, meu não-fazer se situa no campo ético. Gosto de pôr a cabeça no travesseiro e não sentir culpa. Ocorre, porém, que recentemente tenho vivido de cabeça cheia e achado minha rotina um fardo muito pesado. Também pudera, estar com a formatura à vista, dois estágios a fazer e um relatório monstruoso de conclusão de curso não é das atividades menos estressantes.


Quando as coisas apertam, como teem apertado, costumo recorrer aos amigos, o melhor remédio para aliviar a seriedade da vida. Dia desses, uma sexta-feira para matar qualquer cristão, resolvi cabular. Sentei-me em um banco do saguão de entrada da faculdade e fiquei olhando os transeuntes. Três colegas que iam em direção à rua se juntaram a mim e me convidaram para ir a um bar próximo. Topei. De outras vezes já estive lá com outros colegas e bebi um ou dois copos de cerveja, nessa sexta-feira, entretanto, eu queria mais. Não sei ao certo quanto bebi, só sei que foi o suficiente para aliviar toda a tensão em que eu estava. Ri muito e dormi um sono gostoso, sem datas, provas ou professores me atormentando nos pesadelos. No dia seguinte... a culpa!


Começou a martelar na minha cabeça uma ideia neurótica de que daquela vez eu me excedera, que viciados não chegam da noite para o dia ao fundo do poço, que todo alcoólatra começou com um primeiro gole... blá, blá, blá... Oh troço chato essa tal de consciência! Para piorar as coisas, na segunda-feira, no estágio que faço em uma escola, uma colega estagiária vira para mim e solta esta: "nossa! Eu não tinha reparado no quanto sua barriga está crescendo..." Putz grila, essa foi para machucar... não contribuiu em nada, só ajudou aquela vozinha chata dentro da minha cabeça a falar mais.


Para minha alegria, ao chegar em casa encontrei a edição de agosto de uma revista sobre saúde, da qual sou assinante. Folheando-a qual não foi meu alento? Uma matéria cujo tema foi "O lado muito saudável da cerveja". Obviamente a revista não faz apologia ao alcoolismo, nem prega que devamos enxugar todas nos fins de semana. Em vez disso, traz informações nutricionais sobre a loira, comparando-a ao vinho, no quesito "bebida amiga da saúde" - se tomada com moderação. Pela revista pude descriminar a cerveja e já cogito visitas amiudadas aos botequins da PUC. Agora sei a "cerva" não é nenhum bicho-de-sete-cabeças, talvez seja um bicho dos sete pneus na barriga, mas isso não é nenhum impeditivo para eu deixar de ir aos bares. Se não for pela cerveja, que seja pelos amigos.